20 May 2011

MEMÓRIA DESCRITIVA
SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA E ASPECTOS LIGADOS À INFORMAÇÃO DISPONÍVEL
Relativamente ao assunto em epígrafe, cabe-nos informar a Administração e Direcção Técnica sobre as nossas reservas sobre a elaboração do Estudo Prévio e Projecto de Execução consequente para os espaços em causa;
.1 O levantamento topográfico apresentado é altamente insuficiente em termos da definição de geometrias existentes, bem como dados altimétricos. (Muros existentes e outras estruturas, cotagem altimétrica e definição de curvas de nível, incluindo informação altimétrica da ribeira (Margens, talvegue)). Não sabemos ainda se será necessário a definição de redes existentes ou se estas serão totalmente abolidas e refeitas. No entanto é importante toda a informação relativa a aduções, caixas de esgotos e pluviais na vizinhança dos limites de intervenção, no sentido de efectuar ligações.
.2 É absolutamente necessária a informação relativa à localização das árvores bem como a definição planimétrica da projecção do copado.
.3 A presença de muros materializados em pedra empilhada, alguns argamassados, outros não, com alturas desde a base ao coroamento até cerca de seis metros, revela-se um tema importante. É nossa opinião que estes padecem de instabilidade estrutural, apresentam deformações planares e muitos têm o coroamento em ruína. Julgamos ser necessárias acções que se desdobram em duas opções: Ou se procede ao desmonte e reconstrução dos mesmos, incluindo todos os trabalhos acessórios (Sapatas, alinhamento ao tardoz, filtros drenantes, etc.) ou, segunda opção, se introduz a construção de muros de suporte em betão armado “agarrados” aos muros em pedra que funcionarão como elementos estabilizadores (Contenção). Esta segunda opção, comporta no entanto, algumas dificuldades na sua execução, pois na abertura de caboucos, sujeitamo-nos ao desabar dos muros em pedra. Para obviar esta questão, contamos com a experiencia e conhecimento de Engenheiros Civis que naturalmente, nos esclarecerão sobre a execução da obra. (Muito provavelmente escoramentos faseados). Estes muros em betão deverão ser revestidos a aparelho de pedra da região.
.5 Sobre a ribeira, importa informar que este acontecimento, central no contexto de projecto, surge extremamente encaixada, mesmo emparedada por muros de suporte em pedra com desníveis assinaláveis (Até cerca de 5-6 metros). Este facto, profundamente marcante, impossibilita qualquer pretensão a redesenhar as margens em forma de talude revestido a pedra arrumada à mão (Na base – zona de influência da margem elástica) e revestimentos em vegetação apropriada. Nem faria sentido.
.6 Vegetação presente – Acerca deste tema importa descrever os elementos existentes: Notámos a presença de, no estrato arbóreo, de Tilia platyphyllos, Salix salvifolia, Alnus glutinosa, Sambucus nigra, Acer monspessulanum e ainda Acer pseudoplatanus.
No estrato arbustivo encontrámos Laurus nobilis, Cydonia oblonga e Sambucus nigra.
No estrato herbáceo surge Vinca major e arrelvados higrófilos.
Todas estas formações têm interesse e deverão ser conservadas e enriquecidas.

SOBRE A FILOSOFIA DE INTERVENÇÃO
Neste próximo texto, pretendemos assinalar determinados conceitos que consideramos determinantes na definição do projecto.
.A - Sobre a ribeira devemos afirmar que a ideia é proceder a acções de limpeza do leito e margens, redução do potencial invasor de plantas infestantes (Designadamente através do efeito competitivo de novas plantações e sementeiras) bem como a sua eliminação em concreto.
Em tudo o mais, a intervenção na ribeira, resumir-se-á a plantações e sementeiras no sentido de atribuir valores ecológicos e plásticos naquele contexto.
As plantações e sementeiras deverão ser constituídas pelas seguintes espécies (Sem excluir a possibilidade de outras bem adaptadas):
Anemona sp.
Duchesnea indica
Fragaria vesca
Lamium galeobdelum
Lythrum salicaria
Iris pseudacorus
Narcissus sp.
Ranunculus sp.
Vinca major
Fetos

Sementeiras de Poa nemoralis em taludes de montante sujeitos a forte ensombramento.

.B – Sobre o desenho global de jardins, percursos (pavimentações), muros e muretes, mobiliário e equipamento e iluminação exterior; a nossa concepção de projecto assenta na definição de duas tipologias de intervenção. Como foi dito em .A, por um lado as acções sobre a ribeira, pelo outro a intervenção nos abertos libertados pela demolição dos edifícios industriais. Pretende-se aplicar um desenho bem implantado altimétricamente, constituído por parcelas relativamente desniveladas como se fossem “parterres” mas agora despidos de glorietas, inteiramente revestidos por prados, relvados, herbáceas e sub-arbustos, por pavimentações e, claro, por soluções mistas.
As árvores a plantar deverão corromper a formalização ao nível do chão, o copado constitui massas que se impõem sobre os planos horizontais.
Estes patamares serão contidos perifericamente por muros e muretes que, gostaríamos, fossem em alvenaria de pedra da região argamassada sem massa à vista, formando também bancos para apreciar a paisagem. Naturalmente haverá bandas de contacto entre percursos estruturantes e os patamares, possivelmente pequenos lances de escadas e rampas que farão articulação com/entre os diversos elementos compositivos. Dizemos pequenos lances e rampinhas pois as áreas em foco apresentam declives, no sentido da ribeira, de relativo pequeno valor.
Mobiliário – É nossa opinião que, no desenho, devemos incluir certos elementos correspondentes a esta categoria; serão bancos em pedra da região de forma sensivelmente cúbica e paralelepipédica com complementos (Desenho de assentos) em madeira exótica. Estas peças serão distribuídas racionalmente e não só, no panorama de trabalho de modo a oferecer condições de estar, ver, ouvir e sentir.
Propõem-se igualmente a inserção de um pequeno parque infantil, na proximidade da cafetaria (Vigilância das crianças por parte dos adultos) com alguns brinquedos como molas, baloiço e estrutura para trepar, tudo sobre pavimento amortecedor em borracha e de acordo com o Decreto-Lei n.º 379/97 de 27 de Dezembro.
Iluminação exterior – A abordagem deverá ser funcional mas também integrar a ideia de que deverão iluminar pontos singulares; árvores esplêndidas, pontos focais determinantes, eixos dominantes, pormenores de interesse construtivo (por exemplo um revestimento excepcional) e por aí em diante.

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