12 Feb 2016

Sistemas Dunares do Tombwa - Namibe | Angola



Sistemas Dunares do Tombwa Namibe Angola
Janeiro de 2015
Gonçalo Torrado dos Reis




Índice do documento


Índice de tabelas

Índice de figuras




1          Introdução

O objectivo deste trabalho consiste na sistematização e inventariação de um conjunto de informações que pretendem ilustrar e definir com certo grau de certeza, o suporte técnico para uma intervenção, ao nível do projecto e execução, de consolidação dunar Tombwa na província do Namibe em Angola.
Através duma abordagem documentada sobre as matérias em questão, reproduz-se um documento que elenca técnicas e espécies a adoptar, bem como aborda a questão da irrigação necessária e ilustra exemplos que se têm vindo a verificar noutros locais do globo.
A província do Namibe situa-se no litoral Sul de Angola, sendo limitada a Norte pela província de Benguela, a Leste pela província da Huíla, ao Oeste pelo oceano Atlântico a sul pelo rio Cunene e pela república da Namíbia. Tem uma área aproximada de 57.091 km2 e uma fronteira marítima atlântica de cerca de 480 km. Estende-se entre os paralelos 13º 30’ e 17º 15’ de latitude sul, meridiano 11º 45’ e 13º 30’ de longitude Este (Greenwich).
Situada no sudoeste do País, ocupando uma superfície territorial de 58 137km2, limitando a Norte com a província de Benguela, a Leste com a província da Huíla, a Sul é limitada pelo curso do rio Cunene e a Oeste pelo Oceano Atlântico.

Figura 1 Localização do Namibe no Estado de Angola
As áreas áridas ou híper-áridas surgem quando existem precipitações não superiores a cerca de 100 mm. São caracterizadas por uma forte carência ambiental de humidade, na qual existe uma forte diferença entre a precipitação acumulada e a evapotranspiração.
As consequências são uma elevada especiação ambiental com plantas de características bastante próprias bem como um leque florístico não muito abundante. As plantas de ambientes áridos designam-se normalmente por xerófitos. As suas principais características residem na angustifilia ou mesmo na substituição de folhas por acúleos (Redução de área foliar). Verifica-se também a transição de metabolismos com o facto de surgirem plantas gordas (Metabolismo CAM). Por esta razão o Namibe era uma terra rica na cultura do sisal.
No geral as áreas xéricas litorais apresentam-se como sendo recobertas de solos arenosos ou cascalheiras em resultado de uma fraca evolução do solo dadas das condições climáticas que impedem a criação e desenvolvimento de matéria orgânica.
Nesta zona de Angola as áreas de costa tornam-se mais aplanadas e arenosas formando um relevo dunar em resultado da permanente acção dos ventos oriundos do mar que impulsionam sedimentos em permanência em direcção ao interior.

Figura 2 Extracto da Carta Fitogeográfica de Angola – Ministério das Colonias 1939. A amarelo (1) surgem as formações de estepe Litorideserta (que surge como pelo efeito dessecante do aerossol salino) | A beije (2) as formações de Mobilideserta em resultado da pouca coesão dos solos – correspondem a sistemas dunares moveis.
Apesar de uma extensa área coberta de areias moveis, o substrato apresenta muitas vezes formações de conglomerados, arenitos e calcários. Os solos designados como dunas do deserto são considerados sedimentos móveis grosseiros, sendo quase somente constituídos por areia quartzosa. Incluem-se pedologicamente, na categoria de Regossolos. (Diniz, A.C.)










2          O local

Em o Esmeraldo Situ Orbis de Duarte Pacheco Pereira, 1506;
" ....oito léguas adiante do monte negro se faz uma grande angra que entra uma légua e meia pela terra dentro que se chama angra das aldeias e este nome puseram no tempo que Diogo Cão descobriu esta costa por mandado del Rei Dom João que Deus tem, achou dentro neste angra duas grandes aldeias e por isso lhe pôs o dito nome; os negros desta terra são gente pobre que se nom mantem nem vivem senom de pescaria que aqui há muita, fazem cazas com costas de baleas cobertas com seba do mar, lançando-lhes por cima areia e ali passam sua triste vida, são idolatras e nesta terra não há proveito. Do monte negro até aqui se corre a costa nordeste e sudeste e tem as ditas oito léguas na Rota e toda esta terra ao longo do mar é baixa..."
Tombwa, Porto Alexandre, dista de Moçâmedes, Namibe, 45 milhas por via marítima e pouco menos de 100 Km por estrada. Esta angra foi descoberta pela guarnição do navegador Diogo Cão em Janeiro de 1486, na sequência da segunda viagem de exploração marítima ao longo da costa ocidental africana e designada por “Angra das Aldeias” ou “Angra Duas Aldeias”, nome primitivo que perdurou até ao século XIX.

Figura 3 Mapa geral do Sudoeste de Angola – Fonte : Amaral, Ilídio do – Paisagens morfológicas do deserto de Moçâmedes (Angola) – 1ª Parte



















Texto de Alfredo Bobela Motta escrito em 1927;
O Cabo Negro (Porto Alexandre) foi sempre um ponto de referência, assinalando uma etapa na navegação para o Oriente. Desde a sua descoberta pela guarnição de Diogo Cão, nunca mais a navegação deixou de o procurar. É ele que referencia, sem erro o local onde ora se situa a vila de Porto Alexandre, a que Diogo Cão pôs o nome de “Angra das Aldeias” e que Bartolomeu Dias visitou na sua viagem na descoberta do Cabo da Boa Esperança.
É esse o nome que figura, assinalando o local, nas cartas de Cantino 1502, Cesário 1502, Pedro Reinel 1520.
O facto de mais tarde alguns escritores de certa responsabilidade, como Luciano Cordeiro e Afonso de Castilho, lhe chamarem Manga das Areias, representa uma lamentável confusão com a Baía dos Tigres, ou melhor, com o nome dado à Baía dos Tigres por Diogo Cão, segundo Duarte Pacheco Pereira. “Angra das Aldeias” é efectivamente o nome primitivo de Porto Alexandre. Foi de lá que Diogo Cão levou indígenas para Lisboa, repatriados na expedição de Bartolomeu Dias.
No entanto, a velha denominação foi sendo esquecida. João Pilarte da Silva, visitando o local em 1770, já lhe chama apenas a “Praia das Macorecas” e António José da Costa, passando ali alguns anos mais tarde nem sequer lhe faz referência. No século XVIII e primeira metade do XIX, já se dá o nome vago de “praias ao Sul do Cabo Negro”.
O capitão de Marinha Inglesa, James Edward Alexander que, em 1864, visitou a costa ocidental de África, assinalando a velha “Angra das Aldeias” nas cartas do Almirantado, deu-lhe o seu próprio nome.
E "Porto Alexandre" foi a denominação que ficou na tradição oral e na toponímia oficial.
Após a independência de Angola de 1975, adoptou-se o nome de "Tombwa", nome pelo qual os locais designam a Welwitschia Mirabilis.
As baías mais notáveis do distrito - Moçâmedes, Porto Alexandre (Tombwa) e Baía dos Tigres, são todas de primeira ordem; mas as duas últimas, pela sua vastidão e excelentes condições, rivalizam com os melhores portos.
"Superior ao Porto Alexandre não conheço outro no mundo!" afirmou um famoso navegador do século XIX. Tombwa é presentemente o segundo centro demográfico e o primeiro porto de pesca do distrito.
Está situada a 45 milhas ao sul do Namibe, numa inflexão esplêndida da costa, notável pelo abrigo seguro que oferece e pela exuberância piscatória das suas águas.
A povoação começou a ser erguida pelos colonos algarvios que aqui se estabeleceram em 1860 e que pouco tempo depois já iniciavam a exportação dos produtos da sua indústria para os portos do Norte e para os dos países limítrofes: para o Ambriz, Congo, S. Tomé e Gabão.
A costa de Angola que forma nas suas sinuosidades, esplêndidos portos de abrigo que são dos, melhores de toda a costa de África, tem no distrito de Namibe alguns dos melhores.
De norte para sul, os fundeadouros que se podem chamar portos são: as baías das Salinas e do Namibe, do Tombwa e dos Tigres.
Dos 4 portos o melhor como fundeadouro abrigado é o de Tombwa. É um porto magnífico e vasto, duplamente abrigado da ondulação geral da costa, formando um abrigo do Sul com bastantes milhas de comprimento.
Tombwa tem, pois, capacidade, nos seus portos interior e exterior, para uma frota tão grande como nunca terá probabilidades de servir. As suas condições naturais magníficas e o seu aspecto especializado a pesca - dispensam grandes obras.
As diversas pescarias e fábricas de conservas que se alongam sobre ele, possuem os meios necessários para as operações que realizam, Tombwa é hoje o porto de pesca mais importante de Angola.

2.1          Caracterização edafo – climática e ecológica

O deserto de seca do Namibe e de acordo com Gossweiler e Mendonça é preenchido ´pelas duas comunidades ecológicas Litorideserta e Mobilideserta,
A primeira representada por vegetação herbácea (…) constitui uma zona de 50 a 700 m de largura, e a segunda surge na zona vulgarmente conhecida como deserto de Moçâmedes, e que os geólogos denominam «Namib peneplain». Esta estende-se para o sul, até muito além do Cunene, constituindo a Mobilideserta da África Austro-ocidental. (…)
A litorideserta designa a ´vegetação desértica costeira na dependência directa da acção marinha. As componentes deste tipo de vegetação constituem uma comunidade de plantas vivazes do tipo ecológico das halófitas. Plantas anuais (Terófitos) e pulvinosas não existem nesta formação no norte e são raras no sul ´ de Angola.

Tabela 1 Balanço hídrico (Anos médios) do deserto de Moçâmedes
´Este tipo de vegetação é determinado pelo factor edáfico e pela influencia do clima local. À beira-mar a atmosfera encontra-se mais ou menos carregada de pequenas gota de água salgada pulverizada pela rebentação das ondas e arrastados pela briza marinha para a praia ou arribas adjacentes.
Neste ambiente ecológico poucas são as plantas que podem vegetar. O numero de espécies aumenta à medida que se afastam da costa para finalmente dar lugar à Duriherbosa ou à savana da Hiemifruticeta. Uma excepção a esta regra encontrava-se todavia desde Benguela até à foz do Cunene. Nestas latitudes a vegetação halófila limita-se a uma faixa muito irregular em largura entra a praia do Atlântico e a zona do deserto de areias, sem vegetação alguma.
A vegetação característica ilustra-se em ´Aizoon mossamedense, Salsola zeyheri, Indigofera maritima, Arthrocnemum fruticosum, Heliotropium supinum, Monechma cleomoides, Psiadia lyciodes, Scirpus litoralis, Danthonia forskalii, Paspalum vaginatum, Paspalidium geminatum, Leucophrys psammophila
Nos locais onde se apresenta acumulação de sais surgem plantas como Salsola sp., Suaeda sp. ou Atriplex sp.

2.1.1          A Mobilideserta;

A vegetação dos solos movediços pela acção dos agentes naturais ou pela actividade do homem, classifica-se de Mobilideserta.
A Mobilideserta é uma comunidade tipicamente edáfica que ocorre em todos os climas, tendo porem a maior expansão e notoriedade nas regiões de clima desértico.
As componentes da Mobilideserta angolana distinguem-se pela estatura e morfologia dos órgãos apígeos. Preponderam as formas cespitosas ou rizomatosas, de raízes delgadas, compridas e tenazes, e terófitas efémeras. Os caules de certas espécies ramificam no solo e as hastes são rastejantes. Estas características morfológicas observam-se nas psamófilas, que assim estão aptas para segurar as areias onde conseguiram instalar-se.
Para sistematizar o seu estudo, a Mobilideserta subdivide-se, segundo os agentes de mobilização do solo e as suas condições ecológicas, sub-associações típicas do meio edáfico.



Figura 4 Esboço dos principais tipos de coberturas vegetais (Seg. A. C. Diniz, 1973) – Fonte : Amaral, Ilídio do – Paisagens morfológicas do deserto de Moçâmedes (Angola) – 1ª Parte – Este esboço representa uma ligeira actualização ao apresentado na primeira figura, relativa à fitogeografia do deserto de Moçâmedes. Neste elemento gráfico nota-se melhor a transição coerente de vegetação à medida que nos afastamos do litoral com base na sequencia apresentada segundo a qual o deserto dunar dá lugar a formações herbosas para seguidamente se tornar um mato de Colospermum mopane

2.1.2          Medos

São os desertos de areias movidas pelos ventos, sem variações notáveis, apesar de se encontrarem por todas as partes do mundo de climas quentes ou temperados e secos. Vestígios de salinidade só nas proximidades imediatas do mar se tem encontrado.
As constituintes da unidade sociológica dos medos do sul de Mossâmedes assim como na mesa dos Medos nas proximidades de Porto Alexandre são: Zygophyllum orbiculatum, Z. simplex, Galenia africana, Mesebrianthemum dimorphum, Sesuvium portulacastrum, Vogelia africana, Pterodiscus aurantiacus, Acanthosicyos horrida, Oxygonum acetosella, Danthonia mossamedensis, Leucophrys glomerata, Aristida subacaulis e outras ainda não estudadas.´
Tem ainda sido referido que a vegetação característica destas áreas corresponde a estepes xerofíticas em que predominam os géneros e espécies Aristida gracilis, Aristida prodigiosa e Eragrostis cyperoides e Eragrostis spinosa, Urochloa sp., Vetiveria nigritana que por vezes convivem com Colophospermum mopane e Acacia commiphora em solos mais evoluídos e a altitudes maiores.

Tabela 2 – Tabela de dados climatológicos relativos a Moçâmedes (Namibe).
O clima da Província é caracterizado como árido ao longo de uma larga faixa ocidental e semiárido na parte restante, exceptuando uma estreita faixa no NE da província com clima Subhúmido seco. A temperatura do ar é influenciada pela corrente de Benguela e pelo relevo. Observa-se que na zona costeira a temperatura aumenta de sul para norte. Para o interior a temperatura média do ar aumenta, atingindo os 23,7 °C (Bibala). Na zona montanhosa, a influência do relevo faz-se sentir, verificando uma diminuição significativa da temperatura.
A humidade relativa diminui do litoral para o interior, sendo da ordem dos 75 a 80 % junto à costa e de 55 a 60 % no planalto. Na zona costeira os valores mais altos ocorrem de Junho a Agosto, sendo da

Figura 5 – Representação dos aspectos climáticos da região de Moçâmedes (extraído de Carta Geral dos Solos de Angola, 1963) - Fonte : Amaral, Ilídio do – Paisagens morfológicas do deserto de Moçâmedes (Angola) – 1ª Parte
ordem dos 85 %. No interior os valores mais elevados, cerca de 70 %, verificam-se no mês de Março. Os valores mínimos da humidade relativa do ar ocorrem em Novembro – Dezembro no litoral (72 a 77 %) e entre Maio e Agosto no interior (30 a 40 %). No que concerne aos ventos, caracterizam-se na Província por serem bastante regulares quer em direcção quer em intensidade, ao longo de todo o ano. A insolação anual aumenta do litoral, com um valor médio anual da ordem das 2 300 horas (Estação Moçâmedes), para o interior onde o valor médio da insolação anual chega a ser superior a 2 600 horas (Estação Lubango) A precipitação no Litoral é extremamente reduzida, verificando-se diversos anos onde a precipitação anual é mesmo nula (Namibe, Tombwa e Baía dos Tigres). A precipitação aumenta para o interior (o valor médio da precipitação em Caraculo é de 170 mm) à medida que o efeito da corrente fria se vai atenuando. Nas escarpas e no planalto superior a precipitação anual é da ordem dos 800-900 mm. O período durante o qual poderá haver alguma precipitação é de Dezembro a Março, sendo o ultimo, geralmente, o de maior precipitação.

3          Um pouco de história do local

A Baía de Moçâmedes, mais conhecida entre os ingleses por Little Fish Bay (Pequena Baía dos Peixes), figurava nas antigas cartas e roteiros de navegação sob a designação de Angra do Negro. Está assim designado porque por ela, como por todas as Baías, angras e enseadas de Angola, se fazia larga exportação de escravos (A derrocada, 1913 - O Distrito de Moçâmedes, nas fases de origem e da primeira organização - 1485-1859, pág. 27, de Manuel J.M.Torres).
Ocupação Militar
Feitos os estudos da costa e dos sertões, em 1840, o então Governador Geral da Província de Angola, Manuel Eleutério Malheiros, ordenou em Fevereiro de 1840 que se levantasse um forte na Baía de Moçâmedes, tendo se iniciado a ocupação militar de Moçâmedes. Em 1844 o forte foi construído.
Ocupação Económica
Da fundação do presídio e Estabelecimento de Moçâmedes e da celebração do pacto amistoso e mercantil entre autoridade portuguesa e os sobas derivou a criação, na Baía, de feitorias, casas de negócios que foram se instalando ao longo da praia entre 1840 e 1849.
Chegada dos primeiros colonos a Moçâmedes
A primeira feitoria foi montada por António Joaquim Guimarães Júnior, sendo considerado, o primeiro morador branco de Moçâmedes. No entanto os corajosos esforços dos primeiros moradores dos presídios e estabelecimentos de Moçâmedes, representavam tentativas persistente, mas isoladas, de poucos, e não podiam originar uma colonização em forma razoável, com razoáveis probabilidades de êxitos.
Foram os acontecimentos de Pernambuco (Brasil), ocorridos em 26 e 27 de Junho, que determinaram a partida para Moçâmedes, em 1849 e 1850 de dois grupos de Portugueses, residentes naquela cidade, numerosos e seleccionados, que formaram as chamadas "Primeira e Segunda Colónias"
Assim, em 23 de Maio de 1840 a Barca Brasileira com o nome Tentativa Feliz, sob direcção de António Maciel da Silveira Júnior, com 143 colonos, e o Brigue de Guerra Nacional "Douro", sob o comando do capitão de fragata Vicente José dos Santos Moreira Lima, com 23 colonos: 166 colonos no total, partiram de Pernambuco, para Moçâmedes, sendo estes considerados de facto os primeiros colonos e fundadores do distrito de Moçâmedes, em Agosto de 1849.
A expansão urbana ao longo da costa, para sul, levou à criação de dois aglomerados que terão funcionado inicialmente como portos de apoio às viagens de exploração de meados do século XIX, mas rapidamente se desenvolveram sobretudo como centros piscatórios. Trata‐se da Baía dos Tigres, no extremo sul, e de Porto Alexandre (actual Tombwa), a norte da anterior e a sul da cidade de Namibe – ambas localizadas perto da fronteira meridional do território. Como outra povoação litoral da região, refira‐se Lucira, a norte da cidade de Namibe, de pequena dimensão, com uma população bastante reduzida antes e após a independência, ligada especialmente à pesca e produção de peixe seco. O Plano de Zonas de Ocupação Imediata do arquitecto Vasco Morais Soares (1970) apontava para uma readaptação dessas preexistências, não deixando de ser promissor o impulso dado a este pequeno aglomerado. De composição bastante formal, baseava‐se em modelos de cidade moderna tardios, com a reinterpretação da praceta e do quarteirão não regular e a hierarquização das vias, mas com grande sentido de adaptação ao sítio. Mantinha, no entanto, uma avenida central com uma pequena praça no topo, consolidando assim as referências à cidade tradicional. No Tombwa, assistiu‐se em meados do século XX a um período de grande prosperidade, levando à elaboração de planos de urbanização, à definição de uma malha urbana e à construção de algum património de relevo.
O grupo étnico mais característico da Província corresponde aos Hereros (Ovakuvale ou Cuvales, Ovahimba ou Himbas, Ovakwanyoka ou Cuanhocas, e Ovanguendelengo ou Guendelengos) embora se verifique a existência de Nyanyeka-Humbe, Ambos, Nganguelas, Ovakwissi e Ovakwepe.O período pacífico que se verificava na Província durante o desenrolar dos conflitos armados no restante país conduziu a que esta se tornasse o destino de muitos angolanos vindos do centro do país e das Províncias vizinhas, nomeadamente o grupo Ovibundo. Presentemente este corresponde ao grupo étnico maioritário.

4          Trabalhos no Séc. XX – A obra de contenção das dunas

O movimento contínuo do material dunar ameaçava e ainda ameaça as infraestruturas, unidades de conservação e processamento de pescado, instalações marítimas, habitações e cemitérios.
Este facto obrigou as populações a procurar melhores condições de vida, gerando um fluxo migratório em direcção ao Namibe. Em virtude destes acontecimentos a administração colonial, em 1926, deu início aos primeiros trabalhos de fixação dunar, em 1931 foram criados os primeiros sete quilómetros de paliçadas e em 1974 tinha-se concluído a fixação através da plantação de 157 hectares através de Casuarina equisetifolia e Acacia cyanophyla.
Em 1959, com a criação da Repartição de Agricultura e Florestas do Círculo da Huíla, com sede em Sá da Bandeira o Eng. F. Zarcos Palma (Eng. Chefe, 1962), vindo a ser transferido para Moçambique, deixou os trabalhos de arborização para as dunas de Porto Alexandre. Segundo o próprio, as regas para a arborização são baseadas em três sistemas – Três regas semanais para plantações de um a dois anos, duas regas semanais de três a quatro anos e uma rega semanal para cinco e mais anos.
´Para sebe morta de protecção às plantações, vem-se usando desde 1945 o tabuado, em substituição das paliçadas de bordão (ráquis das folhas de palmeira), dada a sua maior duração e à facilidade e economia com que se pode proceder ao seu levantamento, quando enterrado pelas areias. (…)
A arborização foi feita à base de Casuarina equisetifolia, 354390 para um total de 358450 árvores (…) Como nos locais de plantação, normalmente as águas atingem grande salinidade e dada a afinidade existente entre as plantas xerófitas e halófitas, resolvemos apanhar no Deserto de Moçâmedes sementes para serem ensaiadas. (…)
Foram colhidas sementes de Acacia detinens, Acacia heteracantha e Parkinsonia africana. A Parkinsonia foi encontrada entre o Rio Sarajamba e a Garganta dos Rinocerontes, a caminho da Baía dos Tigres, único local em Angola onde foi assinalada. (…)
Na maior concentração salina junto às plantações de 1954/1955, está certamente a razão do seu fraco desenvolvimento. Estas plantações necessitavam ainda de duas regas semanais com água doce durante o ano de 1961 e uma rega semanal durante o ano de 1962.´
A seguir à independência os trabalhos foram abandonados. A população do Namibe viu a sua população aumentar de 30.000 pessoas para 120.000 em 1980, verificando-se que uma parte da população se fixava no Tombua em virtude da indústria pesqueira absorver uma parte importante da mão-de-obra.
A pressão sobre o meio conduziu a uma perda importante do polígono florestal, tendo-se perdido cerca de 90 hectares, sobretudo devido ao abate e colecta para carvão.
Em 1985, por solicitação ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – foi financiado o Programa ANG/85/007, programa bastante ambicioso e difícil de atingir face ao facto de não existirem quadros técnicos qualificados. Em 1992, o projecto ANG/85/007 foi interrompido com o reacender do conflito.

Figura 6 – Projecto de Arborização da Dunas de Porto Alexandre pelo Eng. Chefe Silvicultor Fernando Zarcos Palma, datado de 1962. Escala do original 1/5000. Fotografado em IICT, 2015.






Figura 7 – Foto aérea da Cidade de Tombwa datada de 2013. Fonte Google Earth.

5          Situação actual

5.1          Referencia à dinâmica dunar no Namibe

Figura 8 – Perfil teórico de um cordão dunar. Fonte: LECTURE NOTES ON THE MAJOR SOILS OF THE WORLD. FAO
As características geológicas da área especificada são fundamentalmente depósitos modernos constituídos aluviões actuais em manchas mais ou menos extensas com diminuída espessura predominando os materiais siltosos e areias quartzosas sendo praticamente inexistente a fracção argilosa, Os depósitos modernos assumem a forma de areias que cobrem extensas áreas informes bem como dunas e maciços dunares. De modo geral as dunas movem-se de sul-sudoeste para nordeste.
Os ventos predominantes são de quadrante sul especialmente de sudoeste que sopram todo o ano.
Em algumas horas, mais quentes, a mobilidade do ar gera turbilhões que transportam materiais finos chegando a acontecer fortes fustigações da ordem dos 50km/h até 70 km/h. Sucedem principalmente nos meses de Abril a Junho e são designados por «Garroas».
O efeito dominante do vento produz as formas características dunares, considerando as condições gerais de aridez. As areias depositam-se em superfície quase plana ou em ligeiras ondulações designadas dunas de formas e tamanhos distintos. O processo geral de formação consiste nos subprocessos de deflação eólica e deposição e dependem da capacidade de transporte do vento.
O transporte eólico faz-se fundamentalmente de três maneiras:
1.       Reptação e rolamento sobre um determinado plano;
2.       Saltação, com trajectórias parabólicas;
3.       Suspensão, no caso dos detritos mais leves.
De acordo com Ilídio do Amaral no Namibe o movimento geral das areias e das formas de acumulação faz-se de SSO para NNE, conforme a direcção dominante dos ventos. ´A mobilidade das areias e das formas está bem testemunhada no terreno por vários sinais, como a existência de tufos de vegetação em parte soterrados, em parte exumados, o «fumegar» das dunas por levantamento de cortinas de areia, mais frequentes em vertentes de sotavento, as chicotadas de jactos de areia sentidas por qualquer pessoa, particularmente em momentos em que sopram as «garroas», as rápidas modificações dos desenhos exóticos das ripples.´
A classificação do relevo dunar definiu o mesmo autor, com base em R. A. Bagnold, são dos seguintes tipos: ´Sand shadows e sand drifts, verdadeiras dunas, whale backs, gozes e sand sheets.
´A sand drifts correspondem as acumulações provocadas por qualquer obstáculo na trajectória dos ventos carregados de areias. Normalmente, tendo em conta a direcção do vento, a deposição tem lugar atras do obstáculo (sand shadow) e, também muitas vezes. No lado abrigado de uma abertura entre obstáculos (sand drift). (…) Para as superfícies arenosas, de suaves e largas ondulações ligadas à presença de vegetação escassa, o mesmo autor usou o termo de goze. (…) Essa vegetação favorece a deposição contínua de areais, em ondulações muito suaves; só raramente aparecem dunas, e estas com fraco desenvolvimento da vertente abrigada. Sand sheets, que traduzimos por mantos de areias, ocupam, em regra geral, áreas muito mais vastas. Dão topografias mais ou menos planas, de superfícies quase sempre lisas. No entanto, em condições particulares, aquela monotonia pode ser quebrada por ligeiras ondulações ou formas semelhantes a pequenas dunas.´
As dunas propriamente ditas e segundo, ainda, Ilídio do Amaral, e citando E. D. McKee, designam-se morfologicamente e de acordo com os ventos dominantes:

Figura 9 - Tipo de duna em barcane – Fonte: http://www.cortland.edu

Figura 10 - Tipo de duna transversal – Fonte: http://www.cortland.edu


Figura 11 - Tipo de duna parabólica – Fonte: http://www.cortland.edu

Figura 12 - Tipo de dunas Seif – Fonte: https://wikis.engrade.com


Figura 13 - Tipo de duna em estrela – Fonte: http://www.cortland.edu

Figura 14 – Tipo de duna em cúpula – Fonte: http://www.cortland.edu

Figura 15 – Tipo de duna reversível – Fonte: http://www.nature.nps.gov

De acordo com A. Holm a forma será dita simples, quando uma duna se apresentar como uma unidade ou individuo, com características bem distintas (por exemplo uma barcane); compósita, no caso de dois ou mais indivíduos do mesmo tipo, reunidos em cadeia, formarem um determinado padrão distinto (…); da conjugação de formas compósitas, ou de formas complexas, poderão resultar padrões mais complicados, em complexos dunares (Redes ou malhas de dunas). O reconhecimento de que os elementos se dispõem quase invariavelmente em padrões que até se podem repetir com certa regularidade, em diversas escalas, tem levado à distinção de, pelo menos, três grandes conjuntos: ripples ou marcas de ondulação eólica, dunas e draa. Eis uma expressão que valerá a pena esclarecer desde já, com o auxílio, do vocabulário de H. Baulig: As grandes acumulações dunares, os campos de dunas, têm por vezes a aparência de mares de areia. Todavia, os ergs apresentam uma certa organização, num sistema distinguem-se as formas maiores, cadeias (Draa, que em árabe significa «braço») que parecem paralelas ao vento principal, entre elas há corredores. (…) As pequenas ondulações superficiais, Ripples, as dunas e os complexos dunares podem coexistir em estado de quase equilíbrio, isto é, uma pequena ondulação atingirá o máximo do seu desenvolvimento sem contudo evoluir no sentido de se transformar numa duna e, de forma análoga, não é obrigatório que as dunas se reúnam em Draa.
De uma maneira geral, uma duna é um relevo de areia (…) com vertentes dissimétricas entrecruzando-se numa crista ou aresta. (…) as vertentes de barlavento são muito mais suaves (i=8grau a 10grau) que as de sotavento (28 a 30 e mais grau) e nestas. Por serem mais frequentes os aludes dos materiais, os perfis são mais abruptos. (…) os fluxos de ar aceleram sobre as primeiras e desaceleram sobre as segundas. Uma vez que a capacidade de transporte está ligada à velocidade dos fluxos, o arranque de materiais ganha realço sobre as vertentes de barlavento e a deposição é mais importante nas de sotavento. Deste modo uma crista transversal avança sobre o terreno segundo a direcção do vento. (…) Uma duna terá de ser vista como um corpo capaz de modificar-se, de crescer, de se dividir e de ser destruído. A alteração da sua forma está intimamente ligada a modificações simultâneas nas três dimensões; qualquer alteração em perfil longitudinal terá repercussão transversal e vice-versa.´

5.2          Técnicas de contenção dunar

Para efeitos de contenção da paisagem dunar importa sistematizar a sua acção em função das características locais e do seu estado de degradação:
A Reconstrução morfológica do cordão dunar que pode resultar do aparecimento de aberturas no cordão, o desaparecimento de troços de cordão e a sua total destruição conduzem ao Processo Geral De Modelação De Terreno.
O Processo Geral de Modelação de Terreno deve contemplar uma morfologia teórica o mais parecida com os modelos existentes na vizinhança e poderá ser executada através de quatro modos distintos:
1.       Através de maquinaria e modelação topográfica respectiva.
2.       Através de sistemas passivos de acumulação de sólidos que mais não são que sistemas semi-porosos de retenção de partículas, verificando-se a sua acumulação por desaceleração do vento. São no essencial as paliçadas e os sistemas de quadrícula de colocação de material-barreira. As paliçadas deverão ser colocadas paralelamente à base das dunas. Para a reconstrução dunar ou seja para a acumulação estratégica de areias; ver a figura seguinte.

Figura 16 – Sequenciação da aplicação de barreiras / paliçada com vista à acumulação de sedimentos. As paliçadas em madeira reduzem a velocidade do fluxo do ar promovendo a acumulação de sedimentos, consequentemente resultam na diminuição da ´força dessecante´ da camada limite reduzindo a evapotranspiração e fornecem micro-sombras, aspectos que conjugados são favoráveis ao estabelecimento de vegetação. A sua colocação deve ser normal aos ventos predominantes e em caso de ventos cruzados dever-se-á providenciar uma situação de quadrícula de paliçadas. As paliçadas devem observar uma permeabilidade de cerca de 30 a 40 % e uma altura útil de 1 a 1.25 metro.

3.       Através de plantações e sementeiras em conjugação com os dois pontos anteriores.

Figura 17 – Sistema em quadrícula de contenção de ventos - Fonte FAO - Arid zone forestry: A guide for field technicians – Este modelo corresponde ao sistema passivo de contenção de partículas. Trata-se da utilização de material vegetal sob a forma de barreira quadriculada com base em materiais vivos ou já dessecados que conduzem à compartimentação da paisagem formando uma teia de elementos rugosos que visa a desaceleração do vento e consequente deposição.


Figura 18 (Adaptado) Fonte: A guide to managing coastal erosion in beach/dune systems – SNH – Esta figura ilustra a combinação de dois aspectos fundamentais. A modelação topográfica como meio de correcção das superfícies de plantação e a sua consolidação através de plantações e sementeiras como veremos adiante. Depois da consolidação dunar através do uso do sistema de paliçadas poder-se-á começar a fixação biológica das dunas através do uso de vegetação herbácea perene e material vegetal lenhoso. Num projecto de fixação de dunas na Mauritânia financiado pela região da Valónia da Bélgica, executado pela FAO em parceria com o Governo da Mauritânia foram fixas cerca de 800 ha de dunas continentais entre 1987 e 1992 na região de Nouakchott. Foram consideradas três zonas fundamentais no sistema duna – a zona de acumulação, a zona de deflação e a zona intermédia. No caso deste projecto as plantas Prosopis juliflora  e Aristida pungens foram plantadas nas áreas de acumulação. As zonas de deflação foram plantadas com Leptadenia pyrotecnhica, Aristida pungens e Panicum turgidum enquanto Acacia raddiana e Acacia senegal foram plantadas nas zonas intermédias.

Figura 19 – Fonte: A guide to managing coastal erosion in beach/dune systems – SNH – Esta figura ilustra a utilização de elementos em paliçada como sendo um meio de acumulação de partículas com base no mesmo conceito geral que é a deposição por desacelaramento, sendo que no seu tardoz se produz um contexto benéfico para a instalação de vegetação que no caso se trata de uma gramínea m contexto europeu. Deve no entanto dizer-se que o princípio é válido para a realidade do Namibe. Deve ser entendido como quase uma técnica universal.
4.       Através do uso complementar de estabilizadores do solo (Tackifiers)
Entendem-se por estabilizadores do solo (em inglês Tackifiers) o conjunto dos produtos químicos de origem orgânica ou mineral (co-polímeros sintéticos) que funcionam como elementos de adesão do<<<s constituintes do solo. A sua pertinência reside no facto de nunca serem nocivos planta as sementes e plantas. Distinguem-se dos BFM´s (Bonded Fiber Matrices) por não conterem elementos estranhos como gesso.
Existem muitos tipos de estabilizadores do solo no mercado, pelo que uma escolha criteriosa é importante na definição do projecto de contenção dunar.
Estabilizadores Orgânicos – Têm origem em material vegetal como as sementes da Plantago ssp. E a dose de aplicação no solo varia de 40 a 150 Lbs/Acre (0,017Kg/m2). O material viscoso com origem na Plantago é fácil de aplicar e a sua duração no solo varia de 6 a 8 meses. Outra planta que origina um semelhante material é a Cyanopsis tetragonoloba. Trata-se duma espécie fixadora de azoto que resiste à secura embora prefira precipitações frequentes. 88% da produção mundial desta planta é feita na Índia. O espessante extraído da semente de milho é outro exemplo de um estabilizante de solos orgânico e existem relatos no Nevada (EUA) que se mantém no solo como fixador mais que 8 meses. Os espessantes podem ter até 8% de azoto mineral, possuindo um efeito fertilizador através de libertação lenta do composto. São também hidrofílicos, podendo absorver água e libertando-a lentamente. Apenas existe um estabilizador à base de argila no mercado, trata-se da bentonite argilosa – um aluminosilicato de cálcio, sódio, ferro ou magnésio que funciona complementarmente a um gel na estabilização do solo.
Estabilizadores Sintéticos – São poliacrilamidas, poliacrilatos ou derivados co-aminados utilizados para estabilização de solos, fornecidos em líquido.

5.3          As plantações e sementeiras

As plantações e sementeiras deverão privilegiar o material vegetal local sem prejuízo de se utilizar algum outro, desde que não infestante, mas sobretudo de acordo com os sistemas histórico-culturais que se foram desenvolvendo ao longo dos tempos. É ocaso conhecido do uso da Casuarina no contexto de Moçâmedes que teve sempre um uso tradicional.
A selecção das espécies deve preferir as de longo e forte enraizamento. O espaçamento entre as plantas arbóreas depende das condições edáficas e climáticas locais Na índia tem-se adoptado o espaçamento médio de uma planta por cada 5m2 em caso de dunas continentais e de 2.5m2 para o caso de dunas costeiras para o caso da Casuarina. Em Israel tem-se usado para Tamaryx aphylla mas verifica-se uma forte depleção do conteúdo em humidade do solo (Kaplan, 1955) pelo que se tem alterado a prática.
O dado fundamental é que para as condições ecológicas extremas apresentadas, a competição pelo volume de solo e respectiva humidade pelas plantas é de tal ordem que os compassos de plantação deverão ser esparsos ou concisamente delimitados em função das disponibilidades hídricas existentes bem como na riqueza mineral do solo (Fertilidade).
No geral adopta-se como regra que quanto menor a precipitação maiores são os compassos de plantação como resultado da competição da humidade residual do solo, mantendo no entanto a capacidade de diminuir e suprimir a velocidade do vento.
Na Mauritânia e de acordo com estes critérios os compassos de plantação variam de 5 a 10 metros em quadrado, embora este compasso possa aumentar em dunas bastante móveis.
A regra geral adoptada é que se plante uma árvore por hectare para a precipitação acumulada efectiva. Portanto para o caso do Namibe seria recomendada a plantação de 25-35 arvores por hectare em combinação com espécies pioneiras perenes de vegetação herbácea.
Seguidamente apresentamos algumas espécies que têm vindo a ser utilizadas para florestação dunar e que se complementam com as já referidas anteriormente:
§  Acacia senegal – Trata-se duma espécie tolerante à secura. Tem distribuição natural em Angola e pode ser utilizada em combate contra a erosão, re-vegetação em áreas degradadas, fixação de areias e dunas e controlo de erosão eólica.
Figura 20 – Acacia senegal – Fonte: http://upload.wikimedia.org/

§  Acacia raddiana – É uma espécie tolerante à secura e prefere solos com calcário embora vegete bem em solos arenosos. Tolera bem a salinidade. Tem particular interesse em florestação e fixação dunar, sobretudo em situações em que não haja grande mobilidade das areias.
Figura 21 – Acacia raddiana – Fonte: http://www.biolib.cz
§  Acacia hebeclada – Trata-se de uma pequena árvore, até 7 metros, muito resistente à secura mas que deve ser plantada com uma quantidade elevada de composto. Possui sistema radical profundante.

Figura 22 Acacia hebeclada - Fonte: http://www.southernafricanplants.net

§  Casuarina equisetifolia – É uma espécie do clima semi-árido a sub-húmido e está geralmente confinada à orla litoral. Encontra-se em dunas e em declives suaves perto do mar. O solo preferido é invariavelmente ligeiro, com boa drenagem, tolera o calcário e alcalinidade ligeira mas é intolerante ao encharcamento, embora necessitando alguma humidade residual no solo.

Figura 23 Casuarina equisetifolia - Fonte: http://upload.wikimedia.org
§  Prosopis juliflora A sua origem é desconhecida. Trata-se de um xerófito que cresce espontaneamente em solos áridos da América do Sul e em Africa. É uma árvore que pode atingir os 12-15 metros de altura com um sistema radical muito profundante enquanto as raízes laterais são extensas e abundantes. Tolera elevadas temperaturas, solos salinos e pobres, preferindo solos arenosos. Tem um elevado potencial invasor.


Figura 24 Prosopis juliflora – Fonte: http://pics.davesgarden.com
§  Salvadora persica – É um arbusto de grande porte ou uma pequena árvore bastante dispersa em vários ecossistemas tropicais secos entre os quais as dunas. Muito tolerante à secura e à salinidade é capaz de vegetar em dunas litorais e continentais, preferindo solos argilosos vai também em solos arenosos sendo muito útil em projectos de fixação dunar.



Figura 25 Salvadora persica – Fonte: http://faculty.ksu.edu.sa

§  Balanites aegyptiaca – Encontra-se frequentemente em zonas áridas e em variados tipos de solo, incluindo solos pedregosos. É uma fixadora de azoto pelo que o seu uso é (ainda mais) pertinente.


Figura 26 Balanites aegyptica – Fonte: http://agroforesttrees.cisat.jmu.edu
§  Leptadenia pyrotechnica – Corresponde a uma planta da família das asclepiadáceas que ocorre no Sahel naturalmente. É uma planta extremamente resistente à secura e bem indicada para a fixação dunar. Resiste bastante bem a pH elevados e à salinidade elevada também. Tem elevado potencial na estabilização de dunas continentais e marítimas.


Figura 27 Leptadenia pyrotechnica - Fonte: http://plantdiversityofsaudiarabia.info
§  Tamarix aphylla – É uma planta arbustiva de grande porte com características de crescimento rápido que habita as dunas e outros ecossistemas áridos, resistente à secura, ao fogo e à salinidade. Tem elevado potencial na fixação dunar pois tem crescimento rápido e generoso.

Figura 28 Tamarix aphylla – Fonte: http://cottesloecoastcare.org
§  Zizyphus spina-christi – Consiste num arbusto, às vezes uma árvore grande. Originária do Sahel até ao Mar Vermelho, é uma planta resistente à secura e também ao fogo. Pode ser entendida como uma planta colonizadora / pioneira útil na fixação dunar pois possui um vasto sistema radical lateral. Tolera a salinidade e beneficia o solo através da bioacumulação de fósforo.


Figura 29 Zizyphus spina-christi – Fonte: https://c2.staticflickr.com

Depois de seleccionadas as plantas para plantação, apenas a s melhores e mais vigorosas quer do ponto de vista radicular quer do ponto de vista da parte aérea, estas serão transportadas com o cuidado de não se exporem à luz solar e ao vento. A razão ideal entre a parte aérea e a parte radicular é de cerca de 2.5 ou 3 para 1.
A abertura da cova é tradicional e deverá ter cerca de 1m3, receberá uma fertilização química tipo NPK e outra adubação com dejectos animais (estrume) com vista à plantação das plantas com cerca de 1 a 2 anos de idade. As plantas serão tutoradas como defesa relativamente ao vento.
Devido à escassez de precipitação a época de plantação deverá ocorrer no mês mais húmido e será efectuada num curto espaço de tempo, durante as horas mais frescas do dia mas poderão ocorrer ao longo do dia se este se verificar nublado ou chuvoso.
Com vista à protecção dos propágulos relativamente ao efeito abrasivo do vento, a parte aérea deverá ficar exposta cerca de 30 a 45 cm, apenas.
Em dunas móveis é recomendável a irrigação com um cilindro metálico sem fundo de modo a molhar directamente a cova de plantação do material vegetal.
Sabendo que 10 litros de água humidificam cerca de 25 cm de camada de solo a quantidade de água necessária para rega depende da profundidade da humidade residual existente.
A tendência geral dos projectos de reflorestação dunar, é hoje, utilizar o máximo de espécies da vegetação potencial com vista ao desenvolvimento sustentável das plantações. Por exemplo na zona de Madinat Zayed no sudoeste de Abu Dhabi (EAU) foi experimentado um programa de florestação sem recurso a água de rega. As espécies foram Salvadora persica, Prosopis cineraria, Acacia ehrenbergiana, Acacia jaquemontii e Acacia raddiana. Os resultados demonstraram que as plantas de sistema radical profundante resultaram positivamente ou seja a Salvadora persica e a Acacia raddiana foram as plantas que mais sofreram em resultado do seu sistema radical ser mais superficial.
No geral a mortalidade foi de cerca de, não mais que cerca de 30% para espécies lenhosas, enquanto a taxa de sucesso é de cerca de 80 % para as gramíneas.
Nas áreas de plantações deve-se observar a protecção do sobre pastoreio e actividades humanas ilícitas como corte e colecta de madeira.

5.4          Irrigação para instalação da vegetação

A existência de água em qualidade para o efeito de rega agrícola é indispensável para o estabelecimento e crescimento das plantas. Dado que na área considerada, a precipitação está por vezes reduzida a cerca de 25-35 mm ano, é absolutamente necessária a actividade de irrigação para as plantações e sementeiras, pelo menos, durante o estabelecimento da vegetação até o sistema radical atingir profundidades que contactem com uma humidade residual no solo em estado mais ou menos permanente.
É de esperar que com a procura intensiva de recursos hídricos de boa ou pelo menos média qualidade, o uso de águas para irrigação se torne crescentemente utilizador de águas com certo teor em sais. A salinidade das águas é uma questão fundamental, sobretudo em zonas costeiras, como é o caso. Nestes locais poderão suceder fenómenos de intrusão de água marinha nos lençóis de água subterrânea existentes que poderão ser agravados com a má utilização da água quer do ponto de vista da sua captação quer do ponto de vista do uso agrícola.
A água salina é geralmente definida como a água contendo uma quantidade de sais superior a 1 a 1.5 g/Litro, correspondendo a uma condutividade eléctrica (Ec) de 1.5 a 2.3 mmhos/cm.
A quantidade total de sais dissolvidos na água traduz-se em aspectos biológicos, físicos e químicos no contexto da vegetação, do solo, e dos sistemas/instrumentos de irrigação. No geral, o aumento de quantidade de aplicação de água salina corresponde a um aumento do teor em sais no solo, sobretudo nas camadas superficiais.
Figura 30 – Relação entre a salinidade do solo (Expressa em ECe) e a concentração de sais na água de irrigação.
Outro aspecto fundamental, corresponde ao facto de o uso de águas salinas dever ser apenas utilizada em solos permeáveis. Este fenómeno decorre das consequências físico-químicas que a água com sais transporta. O elemento principal é que devido ao facto da textura do solo ser mais grosseira, esta permite a lavagem de elementos salinos na zona da raiz, através de uma dotação superior às necessidades fundamentais. Se o solo for pouco permeável, dar-se-á a acumulação de sais junto à raiz, formando-se inclusivamente uma crosta salina, altamente prejudicial para o estabelecimento e desenvolvimento vegetal.
O uso de águas salinas deve portanto restringir-se a solos com boa permeabilidade, isto é, com baixa quantidade de argilas pois caso contrário a sua estrutura deformar-se-á até um nível não susceptível de continuação da utilização de águas salinas.
Do ponto de vista climático, os factores mais importantes para a determinação da utilização da água para rega são a temperatura, a evapotranspiração e a precipitação. Dado que as condições de referencia indicam o uso do solo, não para a actividade agrícola mas para a consolidação, através de vegetação plantada e semeada, de sistemas dunares, o problema do uso de aguas salinas encontra-se de algum modo simplificado, utilizando critérios de qualidade das aguas e efeitos de lixiviação que no geral correspondem a cerca de 25%, em acréscimo, para a dotação total necessária.
A dotação de rega a adoptar é de cerca de 40l/planta/dia. De acordo com experiencias idênticas nos desertos dos Emirados Árabes Unidos tem-se verificado que a dotação é deste valor. Para efeitos práticos tomamos este valor como referencia. De acordo com a experiência citada, esta dotação acontece ao longo dos dois primeiros anos, verificando-se que nos anos a seguir se irriga apenas 2 a 3 vezes por semana, considerando os efeitos da salinidade no solo e na tentativa de proceder a lavagem de sais com base neste procedimento.

O sistema de irrigação a adoptar:
Sistema gota-a-gota – Os sistemas de distribuição de água por gotejamento permitem a irrigação em quantidades adequadas e com regularidade, o que condiz com a possibilidade de o transporte de iões salinos se efectuar de modo que exista uma acumulação estável abaixo do nível radicular da planta. Este facto deve-se à possibilidade de se criar um nível de humidade que se assemelha com a Capacidade de Campo, sendo o solo lavado, quase em permanência.
Este tipo de rega é particularmente adequado a solos de textura franca a grosseira ou seja com baixa capacidade de retenção e portanto níveis baixos de Capacidade de Campo. (Bernstein and François, 1973; 1975; Goldberg and Shmueli, 1970). Na situação em que se verifique que a remoção de sais não é possível por via da precipitação, dever-se-á solucionar a questão com outros meios, equacionando os meios, os custos e respectiva viabilidade.


Figura 31 – Esquema genérico de um sistema de irrigação gota-a-gota
O sistema gota-a-gota corresponde a um modo de rega localizada. A água é fornecida a pontos sobre o terreno, utilizando gotejadores. Uma das suas principais vantagens reside na possibilidade de emprego em todos os tipos de terreno ou seja superfícies topográficas mesmo nas mais acidentadas. Outra vantagem é a possibilidade de utilizar em quaisquer condições climáticas, mesmo com fortes ventos e temperaturas extremas (Raposo, J. R.) bem como podem trabalhar durante 24 horas por dia, que se pode traduzir numa eficiência de custos energéticos, tubagem, motor-bomba, etc.



Figura 32 – Micro-gotejador (Brotador) regulável até 100L/h - Fonte: Plastiagro – Estes elementos colocam-se em tubo de distribuição através da perfuração directa sobre o tubo, sendo de fácil manuseio.
A principal desvantagem, para o caso, é a facilidade no entupimento dos gotejadores, aspecto que se pode resolver com adequada filtragem.




6          Alguns projectos de referência

6.1          Emirados Árabes Unidos - A estrada entre Al Ain e Abu Dhabi

Nos anos 60 do século passado verificou-se neste local o uso de plantações, sobretudo através de espécies exóticas como eucaliptos, acácias estrangeiras e casuarinas. Depois deste fenómeno pioneiro procedeu-se ao começo da utilização de plantas xerófitas e halófitas locais que requerem menores quantidades de água para a sua sobrevivência. Espécies como Prosopis cineraria, Acacia ehrenbergiana ou Acacia arabica têm vindo a aumentar a sua quota – parte nos espaços de florestação. Nos dias correntes cerca de 90% de espécies locais ocupam o território florestal.


Figura 33 – Localização dos Emirados Árabes Unidos.
A cidade de Al Ain possui hoje mais de 75 espaços florestais, cada um com uma dimensão média de 2 a 3 Km2. A estratégia de conservação e recuperação dos EAU passa hoje por três vectores fundamentais:
§  A prevenção/redução da degradação de solos
§  A recuperação de solos degradados
§  A florestação de solos desérticos
O compromisso dos EAU é o de florestar ao máximo a áreas desérticas e com essa política restituir solos à agricultura e a bens e serviços disponibilizados pela actividade agro-silvícola. A atestar estes factos estão os dados de que a área agrícola cresceu de 32.5 para 43.6 milhares de hectares. Em 1985 a áreas cultivadas chegaram aos 68.3 milhares de hectares, dos quais 40,000 ha de floresta. A taxa de crescimento de área cultivada foi nos aos seguintes de cerca de 9 % ao ano, tendo chegado aos cem mil hectares de área cultivada florestal para um todo de 161.7 milhares de hectares totais.
No ano 2000 o valor total de área cultivada era de 6.5 % de toda a área do país.
Especificamente, no projecto da estrada entre Al Ain e Abu Dhabi, ao longo do processo de plantação arbórea, foram-se plantando também arbustos, alguns da flora local outros exóticos como; Calligonum comosum ou Leptadenia pyrotechnica e Atriplex ssp.
Tem-se vindo a verificar o aparecimento de espécies locais no interior das clareiras florestais como Hammada elegans e Zygophyllum ssp. Presentemente apenas 6 espécies, dominantemente locais, têm vindo a ser adoptadas para florestação; Prosopis cineraria, Acacia tortilis, Zizyphus spina-christi, Salvadora persica, Leptadenia pyrotechnica e Acacia ehrenbergiana.

6.2          Liwa – O maior oásis na parte ocidental dos EAU

Liwa encontra-se rodeada de dunas, o que significa que os terrenos agrícolas podem vir a ser ´engolidos´ pelos sistemas dunares móveis circundantes. As populações residentes têm vindo a proceder a esforços de consolidação dunar através de plantações.
As espécies utilizadas foram Prosopis juliflora no cimo das dunas e Leptadenia pyrotechnica nas zonas inclinadas. Procedeu-se à irrigação por sistemas gota-a-gota nas áreas de plantação de Leptadenia ssp.

6.3          Nouakchott – Capital da Mauritânia

Sendo uma cidade rodeada de dunas, por vezes com mais de 25 m de altura, Nouakchott, vivia um processo de ameaça constante relativamente às suas infra-estruturas, terrenos agrícolas e consequentemente da sua segurança alimentar.
A criação de uma cintura verde que protegesse a cidade do avanço das areias, numa tentativa de consolidar cerca de 1200 Ha de área dunar, não pode contemplar, em 1975, os desenvolvimentos urbanos e suburbanos da cidade.
Face a este facto a FAO lançou um programa de reabilitação da Cintura Verde de Nouakchott, com a colaboração e financiamento do Governo Belga. Para esse efeito utilizaram-se técnicas simples mas bastante eficazes durante o projecto piloto que durou 7 anos.
Este projecto encontra-se referido na legenda da imagem 16.
O Sahel, do qual faz parte a Mauritânia, foi no passado terreno, no geral, ocupado por prados secos e savana. No entanto o corte de vegetação lenhosa e herbácea perene, devido ao sobrepastoreio e uso agrícola veio expor o solo arenoso aos agentes atmosféricos.
Na tentativa de recuperar esse solos e devolvê-los à actividade produtiva extensiva, criou-se a International Crops Research Institute for the Semi-Arid Tropics (ICRISAT) que visa a recuperação de solos via biológica.
Utilizando técnicas bastante simples de micromodelação do terreno como bacias de retenção de humidade e o uso de espécies arbóreas bem adequadas, tais como Ziziphus mauritiana, Moringa stenopetala, Tamarindus indica, Sclerocaria birrea ou Acacia senegal, tem-se vindo a conseguir reverter a situação de degradação dos solos em determinados locais do Sahel.

6.4          China. Grande Muralha Verde

A desertificação na China é um sério problema no centro-norte do território em consequência dos avanços das franjas do deserto de Gobi. O deserto tem-se vindo a expandir a uma taxa de 2100 Km2/ano, tendo o governo chinês aprovado um programa de florestação de 6,66 milhões de hectares em 10 anos. O programa inclui a plantação de árvores, arbustos e herbáceas graminóides em áreas de aridez como dunas e solos extremamente pobres.
Algum do trabalho pioneiro de preparação foi executado nas estações agronómicas de Shapotou e em Yanchi na Região Autónoma de Ningxia.


Figura 34 – Localização do deserto de Gobi, na China. Fonte: Wikipedia
Desde 1978 que se tem vindo a plantar e regar com vista à criação de uma ´Grande Muralha Verde´, com uma ocupação de 35 milhões de hectares de área de vegetação.
Usando a técnica de quadrícula de contenção, bem como a plantação de arbustos nativos tem-se vindo a estabilizar uma parte do deserto de Tengger. Verifica-se também um grande aumento da fertilidade dos solos sendo que alguns foram devolvidos à actividade produtiva agrícola.
A última fase do projecto, iniciou-se em 2003 e é composto por duas acções principais; A execução de sementeiras por via aérea em áreas de menor aridez e a plantação e execução de fixação através do método da quadrícula em sistemas dunares.
Alguns problemas têm emergido neste projecto – a depleção de água no solo tem vindo a ser importante tendo-se verificado um abaixamento dos níveis freáticos em cerca de 12/19 metros desde o início das plantações. Tem-se utilizado também uma estratégia de plantação baseada em povoamentos monoespecíficos, aspecto que se revelou desastroso quando se perderam um bilhão de choupos por razões fitossanitárias. Por outro lado a ausência de biodiversidade é um constrangimento ecológico para o desenvolvimento de vegetação e vida animal diversificada.

7          Considerações finais

Este trabalho visa expor alguns aspectos a considerar na temática da consolidação dunar no Namibe – Angola – Não pretende ser uma visão exaustiva da temática pois que são diversas as matérias e os seus conteúdos abrangentes e complexos. Neste caso, a abordagem consistiu numa sistematização da informação com base na consulta bibliográfica apresentada.
Como aspecto de síntese, devemos considerar a situação de sistema desértico como um estado (Proap, sd.) mais do que uma condição estática na sucessão do tempo. É com base neste conceito se pode encarar a ideia de consolidação dunar do Tombwa na perspectiva de um sistema aberto no qual é necessário introduzir fluxos de matéria e energia, como que numa perspectiva termodinâmica, para garantir a sustentabilidade do próprio sistema bem como de sistemas vizinhos como o urbano. Para esse efeito há que aplicar um esforço com vista à redução do estado de entropia do sistema, reorganizá-lo de modo a mantê-lo em equilíbrio dinâmico, sujeito a acções de alimentação e retroalimentação.

8          Bibliografia

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NOTAS:

Alfredo Bobela Motta - Jornalista e poeta nascido em 1905, em Portugal, e falecido em 1978. Desenvolveu, em Angola, uma intensa atividade cultural e literária, e dedicou-se ao jornalismo profissional. Destacou-se como anti-fascista e apoiante do nacionalismo angolano. Publicou Desaguisados (poesia, 1948), Letras Descontadas (crónicas, 1974), Mangas Trocadas (ensaio, 1962), Não Adianta Chorar (conto, 1977) e Sô Bicheira e Outros Contos (1978).

Major-general Sir James Edward Alexander KStJ (Clackmannanshire, 16 de outubro de 1803 – Ilha de Wight, 2 de abril de 1885) foi militar, viajante, e escritor britânico.

Este trabalho foi actualizado e publicado neste blogue pessoal em 12 Fev. 2016
Gonçalo Torrado dos Reis | Arquitecto-paisagista. ISA-UTL. PORTUGAL


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