17 May 2011


A filosofia geral de desenho dos espaços exteriores corresponde à imposição altimétrica resultante da implantação da moradia na encosta.
Deste modo prevê-se a implantação de dois planos adjacentes ao alçado principal (Norte) e ao alçado tardoz (Sul) que correspondem a áreas de desenho particular. O plano superior representa uma intervenção gráfica onde pontuam revestimentos relvados e em seixo basáltico formando uma composição em contraste com o alçado de brancura e singeleza muito fortes. Neste plano utiliza-se um arbusto de grande porte (Arbutus unedo) que contrasta com o alçado, num momento vertical singular.

No plano inferior implanta-se um relvado, que resulta da solicitação do cliente, em dotar o espaço de um plateau para uso intensivo dos moradores e visitas. Na realidade trata-se duma varanda sobre a paisagem com dimensões generosas.

Na transição de planos, junto à curvatura do edifício (transição entre alçado Norte e Oeste) existe, naturalmente, uma queda altimétrica de 3,00 metros. A solução adoptada para a respectiva consiste na utilização de blocos de rocha, de forma irregular, adoçados ao talude com vista a dotar o espaço inclinado de sustentação e de algum modo de escadas informais que rematam com um pavimento em pedra arenítica amarela que faz a ligação entre os dois planos.

Para a obtenção dos respectivos planos horizontais (superior e inferior) é necessária a contenção periférica. Esta contenção faz-se através da utilização de blocos de rocha com dimensão variável (cerca de 1,00x0,50x0,60) no vértice do terreno Sul-Oeste pois corresponde à zona mais baixa. Estes muros de suporte com cerca de 3,5 m são absolutamente necessários para a obtenção de cotas exigidas.

No seguimento da formação de caixa providenciada pelos muros segue-se o enchimento até à obtenção de cota de tosco através de aterros com material granular obtido a partir da escavação necessária à implantação da estrutura – moradia.

Em termos de utilização de terras provenientes do local, procura-se proceder à decapagem do terreno, respectiva crivagem e melhoramento agrológico com vista à obtenção de um composto de características melhoradas. Infelizmente nem todo o material decapado constitui reserva necessária à terra vegetal para o jardim, pelo que será necessário importar material estranho à obra.

Em termos de revestimento vegetal preconiza-se a utilização de espécies autóctones (Myrtus communis, Ulex europaeus, Quercus coccifera) bem como outra espécies de valor paisagístico elevado, sem que no entanto alguma seja invasora.

Falamos de espécies como: Rhamnus alaternus, Rosa canina, Prunus spinosa, Teucrium fruticans, Viburnum tinus, Pistacia lentiscus, Thymus citriodorus, Ajuga reptans, Fragaria vesca, Hedera x helix, Helychrisum italicum, Lotus berthelotii, Mesembryanthemum sp.

As plantas preconizadas deverão ser regadas durante os três primeiros anos, findo os quais serão retiradas de rega pois depois de estabelecidas não necessitam de demais provimentos. (Excepto as espécies Ajuga reptans e Fragaria vesca).
A utilização do material vegetal encontra-se desdobrada em dois conceitos:
1. A colocação em módulos no perímetro da propriedade correspondente às vias existentes (Perímetro de pavimento betuminoso) – corresponde às sebes propostas;
2. A utilização isolada de herbáceas e arbustos no contexto do jardim – corresponde ao material vegetal proposto no interior do jardim.

Em termos de relvados preconiza-se a utilização de:
1. No plano superior – Escalracho (Stenotaphrum secundatum), planta tropical em C4 que consequentemente reduz consumos hídricos importantes.
2. No plano inferior – Mistura de Festuca arundinacea, Poa pratensis e Lolium perenne, relvado fino, de sol, mas resistente ao pisoteio e de elevada agradabilidade ao uso.

Em termos de revestimentos do solo podemos indicar a colocação de casca de pinheiro na projecção do copado arbustivo como meio de manutenção da humidade no solo bem como no aporte de matéria orgânica ao solo.

No virar dos planos, utiliza-se a sementeira de prado florido, solução de revestimento económica e muito eficaz quer do ponto de vista estético quer do ponto de vista ecológico. Trata-se duma sementeira de plantas silvestres bem adequadas ao solo e clima.

Relativamente às plantações arbóreas, estas caracterizam-se por uma certa homogeneidade, fruto de uma linguagem e se pretende não muito diletante das características arquitectónicas; Tratam-se de pinheiros mansos na generalidade e na utilização de ciprestes stricta no particular.
Os pinheiros mansos são resistentes ao vento e muitas outras adversidades e constituem o material essencial das massas arbóreas, os ciprestes são árvores que agrupadas constituem uma paisagem estranha, uma mata de preponderância vertical, enfim, um cenário que no contexto do rock-garden muito exalta as características de mata num contexto sub-arbustivo.

Em termos de sistema de rega utiliza-se o comum ou seja, sectores de aspersão e pulverização comandados pela actuação de electroválvulas e tubagem gota-a-gota em rega de manchas subarbustivas e arbustivas.
Importa no entanto dizer que a filosofia de desenho de rega corresponde ao delinear de anéis múltiplos de tubagem (Tubagem de condução de 50 mm e tubagem de distribuição de 40mm) que visam a distribuição homogénea das cargas, bem como a diminuição de golpes de aríete.
A localização do ponto de adução é indicativa e corresponde ao local mais desfavorável e está sujeito a alterações.
Supostamente utilizar-se-ão as águas de drenagem das coberturas, armazenadas em depósito pelo que será necessário um depósito e bomba para abastecer a rede de rega.

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