27 Apr 2019

Roystonia regia

RELATÓRIO TÉCNICO


    Roystonia regia

LUANDA – ANGOLA
DEZEMBRO DE 2014


O presente relatório visa a objectivação das situações de vegetação ou melhor vegetabilidade das palmeiras da espécie Roystonia regia e sua plantação no local da obra em questão.
Caracterização da espécie:
Trata-se de uma espécie de origem Cubana ao contrário da espécie Roystonea elata que é originária do sul da Florida.
Esta palmeira não é exigente ao nível do solo, requer no entanto como qualquer planta um meio poroso para vegetar. Quer isto dizer que não necessita de condições particulares de fertilidade.
Isto significa que não devem haver camadas compactas de solo e consequentemente uma má drenagem sub-superficial. Trata-se ainda de uma planta ´´de sol´´ quer isto dizer que necessita de intenso fluxo radiante PAR.
A humidade do solo é um factor importante para a caracterização das condições de vegetação destas palmeiras – A Roystonia regia aprecia condições de humidade do solo adequadas, isto é nem muito secas nem muito abundantes. É portanto uma consumidora mediana de água que deve de acordo com as técnicas de rega estar bem distribuída no perfil.
Pode-se dizer que se deve irrigar regularmente em quantidades moderadas.
pH – não é muito relevante, varia de ligeiramente ácido a cerca de 7,5, deve no entanto observar-se que a pH extremos se indisponibilizam nutrientes para as plantas pelo que não é de todo de descurar este aspecto sobretudo pelos efeitos da toxicidade do alumínio em pH muito ácido.



Ilustração 1 – Influencia do pH da solução do solo na disponibilidade de nutrientes para as plantas.
Face ao exposto devem verificar-se algumas situações/condições para o sucesso das palmeiras em questão:

Ilustração 2- efeito da drenagem no desenvolvimento do raizame.

11) Uma eficiente irrigação, moderada, mas regular.
22) Uma Drenagem em profundidade resultado da existência de material granular no composto de plantação.
33) Um material não compacto que permita o desenvolvimento radical em profundidade.

Ilustração 3 – Tipos de Bolbos Molhados  - A situação de drenagem mais eficiente deverá situar-se entre os dois extremos apresentados nesta figura. A Presença de elevados teores de argila conduz à acção capilar de saturação / A presença massiva de areia conduz a perdas inexoráveis de água por gravidade bem como de nutrientes.






Situação relativa ao CAMPO: 

Para uma boa manutenção destas palmeiras, encontram-se descritas, em literatura especializada TRÊS situações distintas:

AA disponibilidade de elementos químicos no solo para a manutenção das características de boa vegetabilidade que são no essencial as que passamos a descrever:

A Roystonia regia apresenta-se muitas vezes susceptível devido a carências de Magnésio Potássio e Azoto. A carência de Boro consiste muitas vezes na distorção e por vezes queda da coroa da palmeira. Trata-se de uma carência vulgar sobretudo em plantas em contentor e em climas tropicais e subtropicais.

Fotografia 1 – Imagem do local. A fotografia documenta uma situação consistente com uma deficiência em nutrientes. Boro , no caso.
A carência de Boro deve-se ao facto de este ser insuficiente no solo. A deficiência temporária em Boro resulta do lixiviamento parcial ou total do solo. A carência crónica em Boro resulta de um elevado pH do solo, ausência de matéria orgânica e secura elevada.
A adubação com Boro deve ser extremamente cautelosa devido ao facto de os limites de carência e de toxicidade serem muito pouco amplos.
A maioria dos adubos contendo Boro possuem 0.05%–0.15% de Boro activo. A aplicação de Boro às plantas consiste na aplicação de Borax (Borato de Sódio ou tetraborato de sódio decahidratado) em água, introduzido no solo na caldeira da palmeira.
Este procedimento deve ser executado com intervalos de cerca de 6 meses. Não devem ser aplicados fertilizantes granulados de Boro no solo pois as plantas herbáceas poderão morrer por intoxicação.
As análises de solos não são relevantes para o diagnóstico das carências em Boro, excepto a identificação dos valores de pH e Teor em Matéria Orgânica.
A quantidade de Borax a aplicar é de cerca de 115g para 19 / 20 litros de água.



Fotografia 2 – Ausência de sintomas do fungo Ganoderma zonatum

2.       Ganoderma Zonatum – A infestação por fungos é relativamente frequente nas palmeiras. As condições de humidade no solo e a sua drenagem eficiente são importantes para a manutenção de um estado sanitário eficaz. Os sintomas desta infestação são geralmente a quebra parcial ou total da planta, a descoloração da folhagem e um crescimento particularmente lento.
Deve, no entanto alertar-se que estes sintomas não funcionam como sinal absoluto para o diagnóstico – A presença do bacidocarpo dos fungos e a análise à secção de corte, depois do abate da planta é que são os elementos fundamentais para o diagnóstico- Esta infestação é letal para a Roystonia regia.
No entanto, estamos em crer, de acordo com a imagem apresentada e considerando uma boa pratica cultural que esta infestação não se encontra presente.

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     Xylastodoris luteolus – Trata-se dum pequeno artrópode que se alimenta exclusivamente na planta e da planta Roystonia regia. Tem um tamanho em adulto de 2.5 mm.


Fotografia 3 – Infestação por Xylastodoris luteolus




Fotografia 4 – Aspecto geral dos resultados da infestação
Os danos provocados por esta infestação (Praga) consistem no escurecimento (Cinza) e dessecação da folhagem provocando um aspecto de qualidade menor. Estes insectos raramente provocam a morte da palmeira no entanto provocam danos grandes de tempos a tempos tornando os palmeirais muito desagradáveis ao olhar das pessoas.
O único método fiável para controlo desta praga, para além dos biotécnicos, consiste na utilização de insecticidas. O controlo químico pode tornar-se complexo em função da altura das plantas e também dispendioso.
A aplicação de neo-nicotinóides sistémicos ao solo pode e deve ser uma solução face à dificuldade de tratamento da folhagem. Deve no entanto alertar-se que estes insecticidas são maioritariamente tóxicos para as abelhas.
No entanto, em contexto urbano, podem utilizar-se com devidos cuidados na dosagem e composição.
A sua aplicação consiste na humidificação da caldeira da planta, escavar ligeiramente à volta do espique (retirar o mulch, herbáceas existentes) e aplicar a mistura muito lentamente à volta do caule da palmeira.
Face ao facto de não haver relato de infestação sobre as palmeiras existentes e também das imagens não serem conclusivas estamos em crer que esta situação não se põe. Deixamos no entanto, aqui relatado a sua orientação para situações que possam vir a acontecer.

Conclusão;

Dever-se-ão tomar algumas medidas técnicas na plantação das palmeiras:

1.       A execução de Análises ao Solo de Plantação, designadamente pH e teor em matéria orgânica.
2.       O respeito escrupuloso pela especificação do composto de plantação.
3.       A dosagem e cubicagem rigorosa de composto de plantação especificado.
4.       A redução das dotações de rega e a manutenção da sua regularidade.
5.       A Abertura de caldeiras, com depressão, em solo vivo ´à volta´ do espique de cada palmeira.
6.       A destruição de camadas compactas e sua remoção no momento da plantação.
7.       O fornecimento às plantas de cálcio e magnésio sob a forma de fertilizante.
8.       A incorporação duma camada drenante (BRITA 2/3) de cerca de 30 cm no fundo das caixas de       plantação para favorecimento de descontinuidade hidráulica.
9.       Proceder à fertilização com Boro de acordo com o especificado.


7 de Dezembro de 2014
Gonçalo Torrado dos Reis – Arquitecto Paisagista

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